“Metade das praias de Floripa estão impróprias para banho”? NÃO, não estão…

Salubridade

Antes de mais nada gostaria de deixar bem claro que não estou aqui como uma espécie de “advogado do Diabo”, defendendo o indefensável, afinal precisamos sim resolver todos os problemas de Floripa e o primeiro passo para isso é mapeá-los e RECONHECE-LOS.
Sim, temos problemas de balneabilidade, mas a mídia vem distorcendo os fatos descaradamente. Vamos lá…

Recentemente o site Uol publicou uma reportagem intitulada “Quase metade das praias de Florianópolis estão impróprias para banho” ( no final da matéria colocarei o link).

Bom, sabemos que de fato existe um problema sério em relação as ligações de esgoto clandestinas na cidade e isto acaba, obviamente, prejudicando a balneabilidade de algumas praias. Porém, esta afirmação do Uol (que se assemelha a de muitos sites e jornais aqui de Santa Catarina) além de ser desonesta, presta, na verdade, um desserviço a sociedade. Vamos aos fatos…

Fato 1: Apenas as praias com tendência a estarem impróprias são monitoradas

Nessa mesma reportagem que citei da Uol, Marcio Luiz Alves, diretor de proteção dos ecossistemas da Fatma, afirma CLARAMENTE:

…”não é possível dizer que metade das praias são impróprias. Praias como a Galheta, Praia Mole, Naufragados, Joaquina e Moçambique não são monitoradas. A gente procura fazer fiscalização em áreas que têm tendencia a estar contaminadas.”

Podemos ainda acrescentar outras praias não contaminadas (uma vez que não há redes pluviais ligadas a elas) e que também não são monitoradas e, portanto, estão fora desta estatística, como Lagoinha do Leste, Ilha do Campeche e Prainha da Barra da Lagoa.

Bom, apenas este fato já seria o suficiente para diminuir drasticamente o percentual de praias impróprias para banho na Ilha da Magia, mas não para por aí, tem mais…

Fato 2: O número de “pontos de coletas” por praia é desigual

Antes de mais nada é bom realçar que em Florianópolis, segundo último relatório da FATMA, 46,7% dos PONTOS ANALISADOS estão impróprios para banho, e 53,3% estão próprios, ou seja, o correto seria afirma que “quase metade dos pontos coletados estão impróprios”, e não “quase metade das praias”, uma vez que é possível uma mesma praia possuir, ao longo de sua orla, pontos próprios e impróprios, como é o caso da praia dos Ingleses.

Agora sim, vamos a “desigualdade” no número de coletas por praias:

O caso mais crítico em Floripa é o da praia de Canasvieiras, onde foram analisados 8 pontos (8 pontos, anote este número) da praia e todos eles foram considerados impróprios para banho.

Em contra partida, a praia da Barra da Lagoa, que está própria para banho, só possui UM único ponto de análise. O mesmo acontece com a praia do Forte, Daniela e outras. Ora, não precisa ser nenhum gênio para constatar que estamos diante daquilo que chamamos de “média burra”, pois caso Forte e Daniela também tivessem 8 pontos de análise e os resultados fossem positivos em todos eles (e é muito provável que seriam), o percentual de pontos impróprios para banho, fazendo a média dessas 3 praias (Canas, Forte e Daniela), seria bem menor.

Em resumo…

Monitorando apenas áreas com tendência a estarem contaminadas, desconsiderando assim aquelas que de antemão sabe-se não terem problemas de balneabilidade, nos traz um percentual de pontos impróprios para banho MUITO maior do que de fato é na realidade.

Link para a matéria do Uol: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2016/01/09/praias-do-norte-de-florianopolis-estao-improprias-para-banho.htm

Link oficial para conferir a balneabilidade das praias de Floripa: http://www.fatma.sc.gov.br/laboratorio/dlg_balneabilidade.php

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