Nadar, pedalar e correr por mais de oito horas, esse é o desafio anual do Ironman de Florianópolis que põe medo em muito adulto, mas encantou a menina Letícia Dreyer Marinho. Foi acompanhando a tradicional prova de Santa Catarina em 2014 que a garota de apenas 11 anos tomou coragem de pedir aos pais para treinar triatlo.
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A oportunidade veio em uma escolinha mantida pela cidade de São José. O apoio já estava garantido em casa com o pai Fernando Marinho, que começou a correr em 2013 para perder peso e, 17 kg depois, decidiu se arriscar também na natação e no ciclismo. O irmão mais novo de Letícia, João Henrique, 9 anos, entrou na onda e, juntos, hoje eles cumprem uma rotina de quatro a cinco treinos por semana.
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Com disciplina de adulto, mas divertindo-se como criança, já participaram de duathlon (corrida e ciclismo), aquathlon (natação e corrida), travessias no mar e, agora, preparam-se para representar SC no Campeonato Brasileiro de Triathlon Infantil, que acontece em Caiobá (PR), no mês de novembro. Antes disso, a dupla compete este domingo do jeito que mais gosta: em família. Junto com o pai e a mãe, Vanessa Dreyer, correrão os 3 km da Floripa Family Run, com largada no Floripa Shopping.
— Eu não consigo acompanhar o ritmo dos dois — revela Vanessa, a última a se entregar ao universo da corrida.
A filha Letícia já dispara no pensamento. Questionada se imagina participar de uma Olimpíada, diz apenas que seria legal. Quando a pergunta é sobre o Ironman, não hesita:
— Esse vou fazer.
Triatlo para crianças?
Muitos pais têm receio de colocar os filhos em uma modalidade que parece tão extenuante. Porém, há muitas vantagens do triatlo para as crianças, desde que bem orientado. Confira algumas dicas e alertas de especialistas:
Treino diversificado motiva os pequenos
— Como une três modalidades, o treinamento fica mais lúdico. Se a criança não está com vontade de nadar em um dia, pode correr. Claro que tudo tem que ser feito com muito cuidado e planejamento. Digo que é mais uma brincadeira do que um treino, você tem que tornar prazerosa e atraente para eles. Criança tem muita energia, o grande desafio muitas vezes é segurá-los para que não extrapolem — explica o treinador Rodrigo Baltazar, da assessoria esportiva Newpace, que hoje é responsável pelo treinamento de Letícia e João.
Segurança e moderação em primeiro lugar
— O primeiro ponto é treinar em um local seguro, principalmente em relação à bicicleta. Não dá para levar as crianças para o meio do trânsito e, para nadar, tem que ser na piscina. O segundo é não ultrapassar a carga no treinamento, respeitar o nível de desenvolvimento e a maturidade de cada aluno, e não cobrar resultados, porque muitas crianças podem acabar se afastando por causa das cobranças — opina a presidente da Federação de Triathlon de Santa Catarina (Fetrisc), Naida dos Santos Freitas.
Muito mais benefícios do que riscos à saúde
— A criança estar ativa é sempre melhor do que o sedentarismo. E o triatlo é uma boa oportunidade de apresentar a ela três modalidades diferentes, em uma fase que a especialização no esporte, de forma geral, não é recomendada. Se a criança tiver condições financeiras, a avaliação básica antes de iniciar os treinamentos é um exame médico de anamnese dirigida com entrevista sobre sintomas e histórico familiar, exame físico cardíaco (ausculta, apalpação), um eletrocardiograma e uma avaliação ortopédica — alerta o cardiologista Tales de Carvalho, coordenador do Núcleo de Cardiologia e Medicina do Exercício da Udesc.
Fonte: http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/