O vereador e ex-presidente da Câmara de Florianópolis Cesar Faria (PSD) conseguiu nesta terça-feira (11) na Justiça um mandado de segurança para suspender a votação de cassação contra ele. A decisão vale apenas para Faria e o parlamentar Marcos Aurélio Espíndola (PSD), conhecido como Badeko, deve ser julgado por quebra de decoro nesta quarta (12).
Investigado pela Polícia Federal (PF), Faria foi afastado da Casa a pedido da Justiça, em dezembro de 2014, em consequência das investigações que culminaram na operação Ave de Rapina. Na época, ele era presidente da Câmara.
Pela mesma investigação, o vereador Badeko chegou a ser preso preventivamente no dia 12 de novembro na Penitenciária de Florianópolis e solto no dia 11 de dezembro. Na ocasião, outros 14 suspeitos do envolvimento no esquema também foram presos, incluindo outros vereadores. Cesar Faria, no entanto, apenas prestou depoimento à polícia e foi afastado da casa em dezembro.
“A denúncia não especificava do que eu estava sendo acusado. Não existe o crime e eu tô te imputando um crime. Tu vais te defender do quê? E era o que estava acontecendo”, defendeu-se Cesar Faria.
O vereador Afrânio Boppré não concorda. Ele foi um dos autores da denúncia de quebra de decoro. “Mais de um ano de investigação. O Ministério Público, que recepcionou a denúncia da Polícia Federal. Os fatos, a materialidade são muito robustos para dizer que ambos quebraram o decoro parlamentar”, afirmou.
Recurso
A Câmara ainda não havia sido notificada até a noite desta terça, mas o procurador, Antonio Chraim, já garantiu que vai recorrer para que os dois parlamentares sejam julgados. “O comportamento desses vereadores é adequado a um parlamentar ou não? É isso que está sendo votado. A decisão judicial nós não discutiremos em público, nós iremos observá-la, ver o seu conteúdo e imediatamente agiremos”, disse.
Nesta quarta, a votação vai ser aberta. Cada vereador vai ter que declarar o voto em voz alta no microfone da mesa. Para que haja cassação, é preciso mais de dois terços dos votos. O presidente da Casa, Erádio Gonçalves (PSD), diz que a Câmara precisa dar uma resposta à população. “Eu acho que a sociedade está esperando por isso. A cidade está esperando por esse momento”.
O vereador afastado Badeko preferiu não gravar entrevista com a RBS TV. A defesa dele disse que só vai se manifestar depois da votação na Câmara.
Inquérito da PF
A PF indiciou, em três inquéritos, 49 pessoas suspeitas de envolvimento no esquema de fraudes de grupos criminosos em órgãos públicos de Florianópolis, que resultou na Operação Ave de Rapina. A investigação terminou em 29 de julho. Os três inquéritos foram entregues após o Ministério Público de Santa Catarina ter pedido mais investigações.
Fonte: g1.globo.com/