Tainha na rede!

Em Santa Catarina, a tainha é uma iguaria, todo ou quase todo “manezinho da ilha” adora este peixe que já virou até nome de festa! Isso porque a tainha é um peixe de personalidade, sabor forte e carne branca acinzentada.

Todos os anos ocorre em Santa Catarina, e no Brasil, o período de defeso, que é basicamente a paralisação temporária da pesca para a preservação das espécies. Em geral, limita-se a um período fixo anual, que pode ir de março a agosto, visando proteger a época de reprodução e a fase em que os peixes jovens atingem certo tamanho e maturidade reprodutiva.

Mas mesmo antes de agosto, em meados de maio, a pesca de rede é liberada no litoral catarinense. Antes mesmo de ser liberada para pesqueiros industriais.

Tainha
Tainha

:: Captura da Tainha

Arrastão de tainha - Imagem: Google
Arrastão de tainha – Foto: Google

A captura da tainha é um evento esperado. Faz parte de uma prática tradicional dos pescadores artesanais, o “arrastão de praia”. Na Barra da Lagoa, maior colônia de pescadores em Florianópolis, anos atrás tive a oportunidade de presenciar este acontecimento que já virou um ritual, além dos pescadores, moradores e turistas fazem um mutirão para ajudar a retirar a rede do mar.

Pesca é uma arte! E a pesca da tainha tem suas particularidades. Dizem os pescadores que é uma pesca de ventos. O cardume sobre o litoral com o vento sul. Já o vento nordeste faz com que o cardume encoste nas praias, quando começa a ação.




Então, acontece assim: os pescadores logo cedo, antes do amanhecer, já estão com seus barcos preparados, atentos aos sinais vindos do mar, da natureza. Alguns deles, pescadores experientes, ficam posicionados em pontos altos, nos costões. Sua missão é avistar o cardume e avisar os outros pescadores que estão na praia.

Dado o sinal, empurram os barcos para dentro d’água, ligeiro, posicionando a longa rede no mar. Aí, pouco tempo depois, a praia já está cheia de gente querendo ajudar, esperando o momento do arrastão da rede.

E todos fazem força, puxam, um espetáculo! Grande quantidade de peixes na areia da praia! Lindo de ver…

Após a retirada da rede do mar, os peixes são contados e distribuídos entre os pescadores. Uma parte é separada para aqueles que ajudaram no mutirão. A partir daí, peixe fresco nas peixarias, restaurantes, várias maneiras de preparar o fruto. Obrigada mãe natureza!

Mutirão para a retirada da rede do mar - Foto: Google
Mutirão para a retirada da rede do mar – Foto: Google
Tainhas na rede - Foto: Google
Tainhas na rede – Foto: Google

:: Apreciando uma tainha

Quando chega essa época do ano, de frio, já sabemos que teremos tainha fresca, direto com o pescador na praia, ou na peixaria, e normalmente maiores e mais pesadas que em outras épocas do ano. Compramos as nossas já limpas e preparamos de duas maneiras: assada e escalada.

O preparo da tainha para assar pode variar bastante, com ou sem recheio, apenas com sal, ou até sem nada, fica muito boa. A nossa estava ovada!

Preparo da tainha para assar
Preparo da tainha para assar
Ova da tainha, o caviar da nossa terra
Ova da tainha, o caviar da nossa terra

A tainha escalada leva um pouco mais de tempo para preparar. O peixe deve ser cortado pela parte da espinha, que deve ser retirada. Com ela aberta é espalhado o sal, deixando descansar por alguns minutos. Tira-se o excesso de sal e assim ela deve permanecer por cerca de 10 horas, ou de um dia para o outro. Hoje em dia, é conservada na geladeira, em refratário fechado, mas antigamente o peixe descansava ao luar… Rsrs

Depois é só assar, no forno ou churrasqueira, ou ainda fritar. Parece carne seca, mas de peixe. Ah, e vai bem com tudo, salada, arroz com feijão, pirão de peixe…

Pronta para comer
Pronta para comer

Para quem gosta de tainha, uma delícia, um momento esperado!

E você, gosta de tainha? Qual a sua preparação favorita? 🙂

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