Sem drama: Amyr Klink conta as vantagens da aventura solo
O velejador Amyr Klink em uma de suas expedições solo
Já imaginou viajar sozinho de bicicleta pela Europa com apenas 16 anos? E que tal passar uma semana conhecendo a Síria e o Líbano também sem companhia? O aventureiro em questão foi o navegador Amyr Klink, que já curtia fazer viagens solo bem antes de começar a explorar os oceanos. Ele fez a primeira travessia solitária a remo do Atlântico Sul, em 1984. Por 100 dias, o navegador, que na época tinha 29 anos, remou da costa da Namíbia, na África, até a praia da Espera, na Bahia. O relato dessa experiência deu origem ao livro “Cem Dias Entre Céu e Mar”.
Para ele, existem dois tipos de viagem: a de barco, que acaba tendo tantas coisas para resolver e “nem dá tempo de sentir solidão”, e aquela que todo mundo faz, de carro, ônibus ou moto, que Amyr adora. “Acho que quando você viaja sozinho, se dedica a conhecer as pessoas e o lugar. É diferente de ir com namorada, amigo, pois você carrega o seu ‘nucleozinho’, o que ajuda, mas também pode atrapalhar”, destaca.
Quando tinha 16 anos, no início da década de 1970, Amyr foi parar na Itália após ser convidado por um colega de escola para passar uns três ou quatro meses na casa da família dele. “Lá, me desentendi com o pessoal, não deu certo. Aí, arrumei uma bicicleta e com ela rodei pela Europa”, conta o navegador. No final, ele acabou indo parar na Escandinávia, atrás de um tio que era jornalista. “Encontrei e ele falou: no inverno os suecos ficam doentes pela falta de sol. Então, me sugeriu uma viagem baratíssima, algo em torno de US$ 120 (R$ 480)para passar uma semana, com tudo pago, em Beirute, no Líbano. Eram uns aviões bem fuleiros, mas passei vários meses lá”, conta.
Amyr fez a primeira travessia solitária a remo do Atlântico Sul, em 1984
A experiência o marcou para sempre, mas a ideia de sair sozinho pelo mundo em um barco surgiu de outra forma. “Gostava de literatura francesa, e eles adoram relatos de viagem no mar. Até o dia que, morando em Paraty (RJ), comecei a encontrar muitos franceses, e descobri que era uma modalidade pegar o seu barco e sair pelo mundo fazendo bicos. Era uma viagem mais barata, autêntica, onde você escolhe o país, a cidade, a estação do ano”, explica.
Saindo do mundinho
Para Amyr, a maior qualidade do viajante solo é o desprendimento. Não adianta querer comer arroz e feijão estando no interior da Austrália, por exemplo. “Se lá eles comem escorpião frito e formiga cozida, é isso que vou comer”, diz o navegador e escritor. Segundo ele, a pessoa não deve transportar o próprio mundinho para os lugares onde passa.
“Os alemães, por exemplo, vão com o carro deles, com a bicicleta deles, com o fogareiro que só tem na Alemanha, e só ficam hospedados em campings com compatriotas. O resultado? Acabam passando por antipáticos e não conhecendo nada”, brinca Amyr, antes de complementar: “Eu procuro prestar atenção aos hábitos locais, o que acho a coisa mais legal de viajar solo”.
Fonte: http://viagem.uol.com.br/noticias/2016/02/22/sem-drama-amyr-klink-e-outros-viajantes-contam-vantagens-da-aventura-solo.htm